Tesouro Direto: retorno de prefixado 2025 vai a 13,80% com votação relâmpago sobre Lei das Estatais e falas de Haddad

Tesouro Direto: retorno de prefixado 2025 vai a 13,80% com votação relâmpago sobre Lei das Estatais e falas de Haddad


À medida que as notícias em Brasília são divulgadas, o termômetro que marca a temperatura no mercado financeiro aumenta. Pelo terceiro dia consecutivo, houve suspensão nos negócios do Tesouro Direto nesta quarta-feira (14), diante da forte volatilidade de preços e taxas.

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, (PT) disse, há pouco, em entrevista à Globo News, que a recriação dos ministérios do Planejamento e do Desenvolvimento pode levar a divergências entre os ministros das três pastas, mas que “não vê isso no horizonte”.

Em sua fala, Haddad também destacou que espera poder combinar a política fiscal e monetária para fazer com que o País cresça. Ele também disse que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conhece as opiniões econômicas do futuro ministro há muito tempo e que “quando era ministro da Educação, era chamado para opinar sobre a economia”.

Investidores também monitoram a votação a toque de caixa da Lei das Estatais na Câmara dos Deputados na noite de ontem (13). Agora, o texto segue para análise do Senado.

“A curva de juros começou estressada hoje por conta da Lei das Estatais. Depois do pronunciamento do futuro ministro Fernando Haddad, esse cenário piorou, principalmente nos vértices longos”, diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.

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Segundo o especialista, a leitura que o mercado faz é de que o governo não terá limites para seguir com seu plano, mesmo que isso represente a revogação de leis estabelecidas há anos. “A Lei das Estatais é um exemplo disso, a tramitação da PEC da Transição no Congresso, as idas e vindas e o tamanho do projeto são outro exemplo”, afirma.

Na última atualização do dia, o movimento dos juros oferecidos pelos títulos públicos no Tesouro Direto é misto. Papéis prefixados apresentam alta nas taxas, enquanto a maior parte dos títulos atrelados à inflação registra recuo ou estabilidade nos retornos.

Após bater recorde no começo do dia, o Tesouro IPCA+2026 oferecia uma remuneração real de 6,45%, por volta das 15h30, acima dos 6,40% vistos na véspera, mas abaixo dos 6,52% vistos no início da sessão.

Já os papéis prefixados ofereciam retornos de até 13,80% ao ano. Tal valor era entregue pelo Tesouro Prefixado 2025. Um dia antes, o mesmo título oferecia uma taxa de 13,64% ao ano. Hoje no começo da sessão, o juro oferecido pelo título chegou a 13,91% ao ano.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (14): 

Fonte: Tesouro Direto

Negociações em torno da PEC da Transição

Outro ponto de atenção na cena política: lideranças do MDB e do União Brasil disputam nos bastidores a indicação do ministro das Minas e Energia no governo de Lula em meio às negociações para votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na Câmara dos Deputados, segundo afirmaram à Reuters fontes com conhecimento das articulações.

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As negociações em torno da pasta – que tem orçamento previsto de R$ 9 bilhões para o próximo ano – opõem importantes parlamentares do Congresso e poderão garantir ou prejudicar a formação de uma base de sustentação de Lula no Congresso para seu terceiro mandato a partir de janeiro.

Por ora, conforme reportagem da Reuters desta terça-feira, o impasse na indicação de ministros é um dos motivos que emperra a votação na Câmara da PEC que garante a manutenção do pagamento dos 600 reais do Bolsa Família, entre outros pontos. A expectativa é que a votação do texto da PEC da Transição ocorra amanhã (14) na Câmara.

Lei das Estatais e IBC-Br

A Câmara aprovou na noite de terça-feira (13) um projeto de lei que muda a Lei das Estatais e libera o ex-ministro Aloizio Mercadante para assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no novo governo Lula.

A proposta, que inicialmente apenas alterava regras sobre gastos das empresas públicas com publicidade, foi modificada de última hora para incluir uma redução no tempo de quarentena para indicados ao comando de estatais que tenham participado de campanhas eleitorais. O texto, aprovado pelos deputados com 314 votos favoráveis a 66 contrários, segue agora para análise do Senado.

A Lei das Estatais, contudo, pode ser um entrave para a nomeação de Mercadante por ele ter sido o coordenador do programa econômico de Lula na eleição. A legislação atual sobre as empresas públicas, em vigor desde 2016, estabelece uma quarentena de 36 meses para alguém que tenha atuado na organização, estruturação e realização de campanha eleitoral assumir cargo de administrador de empresa pública ou sociedade de economia mista ou se tornar membro de conselhos de administração de estatais. Uma mudança feita hoje pela relatora no texto do projeto reduz essa quarentena para 30 dias.

Já na cena econômica, o destaque está nos dados do IBC-Br. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um indicador prévio de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, subiu 0,05% em outubro na comparação com setembro, informou nesta quarta-feira (14) o Banco Central do Brasil. A alta veio abaixo do esperado pelo mercado, que projetava +0,50%, segundo o consenso Refinitiv.

Com o resultado de outubro, o IBC-Br nos últimos 12 meses mostra variação de +3,13% e de 3,41% no acumulado de 2022. Em relação a outubro de 2021, o índice teve crescimento de 3,68%.

No trimestre encerrado em outubro, a alta é de 0,44% e, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o IBC-Br está 4,63% mais alto.

Fed

O Federal Reserve diminuiu o ritmo de alta de juros e elevou a taxa básica dos EUA em 0,5 ponto percentual (p.p.) após reunião desta quarta-feira (14), para um intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. Nas últimas três reuniões, o Fed havia promovido altas de 0,75 ponto percentual nos juros.

A decisão de diminuir o ritmo do aperto monetário foi unânime. A desaceleração no avanço de juros já era discutida, com o Fed ponderando o impacto atrasado da alta de juros na inflação, ainda alta.
Um avanço menor do que o esperado na inflação ao consumidor nos Estados Unidos em novembro consolidou expectativas de ajustes menores na taxa básica daqui para frente.

No entanto, o Fed vê juros em 5,1% em 2023 – houve um aumento em relação à projeção anterior, de 4,6%. Em 2024, o número esperado foi revisado de 4,10% para 3,9%. eM 2025, de 3,10% para 2,9%.

Carlos Vaz, CEO da Conti Capital, afirma que, depois da apresentação de diversos índices econômicos, especialmente do último payroll, e das declarações dos dirigentes do Fed, o mercado já estava na expectativa de ver a elevação de apenas 50bps, depois de amargar quatro aumentos consecutivos de 75bps. “De certa forma, isso já estava precificado e o mercado não deve reagir abruptamente. Em resumo, apesar desse afrouxamento, a resiliência do mercado de trabalho americano pode levar o Federal Reserve a manter o ciclo de aperto monetário acima do previsto, pelo menos até meados de 2023, podendo seguir até 2024”.

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De acordo com Vaz, os Estados Unidos poderão vivenciar um período de desaceleração econômica, porém, com um menor indicativo de risco de recessão, como o mercado especula, mas caso aconteça, será uma fase atravessada sem grandes prejuízos, justamente em razão da força do mercado de trabalho norte-americano e desenvolvimento econômico conquistado até aqui.

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