Kirby and the Forgotten Land


Kirby não é estranho à reinvenção. Além de sua habilidade de se transformar em todos os tipos de formas e tamanhos, os jogos da franquia sempre experimentaram novas mecânicas e truques. Rolar o protagonista pelo mapa com a caneta do DS em Canvas Curse, pilotar mecha em Planet Robobot ou até mesmo mudar como ele se transforma em Epic Yarn são apenas alguns exemplos de inovações que a franquia ganhou ao longo dos anos. Kirby and the Forgotten Land pode parecer apenas outra adição para essa lista, desta vez distorcendo a estrutura tradicionalmente 2D em níveis 3D. Mas, na realidade, esse jogo de plataforma parece o próximo grande passo para uma fórmula Kirby mais clássica, em vez de uma reviravolta, e é uma que traduz habilmente as coisas que eu amo em Kirby em uma inédita – mas ainda familiar – perspectiva.

A série Kirby não é do tipo que eu consideraria uma viagem a um cenário pós-apocalíptico, mas depois que um buraco de minhoca se abre acima da Terra dos Sonhos, os restos arruinados de uma sociedade aparentemente humana são exatamente onde encontramos nosso protagonista rosa. Em meio aos prédios enferrujados e ao crescimento agradavelmente vibrante, há um grupo de Waddle Dees procurando se estabelecer em sua nova casa… ou estariam, se não fossem imediatamente sequestrados por monstros. E com esse simples mas eficaz cenário, cabe a Kirby se aventurar por este mundo em ruínas para ajudá-los a reconstruir sua cidade, além de salvar os raptados.

Fazer isso exige que você flutue por uma série de níveis lineares, sugando inimigos para roubar seus poderes e encontrando segredos ao longo do caminho. Obviamente, a mudança do 2D muda exatamente como você faz isso, mas o movimento, o combate e a maneira geral como os caminhos ou itens alternativos estão ocultos são todos reconhecíveis e satisfatórios. Alguns compararam com a mudança de Mario em Super Mario 3D World, e não acho que seja uma comparação injusta de se fazer. Também é uma alegria rastrear os Waddle Dees escondidos em ramificações opcionais e alcovas secretas, especialmente porque novos edifícios surgirão na cidade à medida que sua população aumentar, dando a você a oportunidade de comprar itens, desbloquear habilidades e até mesmo jogar alguns pequenos minijogos fofos, como é o caso da satisfatória pescaria.

Os próprios níveis em si misturam quebra-cabeças de plataforma com combate por toda parte, e as dezenas de habilidades de cópia que você obtém ao inalar certos inimigos têm papéis divertidos para desempenhar em ambos os casos. O combate é bastante simples, mas o sabor diferente que cada habilidade traz o mantém interessante. Seja queimando vilões com fogo ou atirando neles com uma arma literal, o sistema de batalhas é bastante divertido. Já nos desafios de plataforma, opções como a habilidade de gelo permitem que você patine com segurança em terrenos perigosos, enquanto a espada pode cortar certas cordas para abrir novos caminhos. Todas essas habilidades são usadas de maneiras consistentemente inteligentes, com todos os níveis pressionando você a alternar entre elas à medida que surgem diferentes situações ou seções fechadas.

Forgotten Land não é um jogo muito desafiador (mesmo em sua dificuldade “Wild Mode”), mas está longe de ser um jogo bobo. Não é como o último lançamento protagonizado por Yoshi, Crafted World, por exemplo, que foi divertido, mas teve alguns níveis em que você poderia essencialmente apenas segurar o stick para a direita até atingir o objetivo. Aqui, os inimigos mais difíceis o obrigam a se movimentar e aproveitar ao máximo o conjunto de movimentos limitados de cada habilidade, especialmente durante o punhado de lutas super criativas contra chefes. Além disso, os segredos podem estar escondidos praticamente à vista ou surpreendentemente bem guardados, exigindo bastante atenção dos jogadores. Eu só morri uma ou duas vezes em minhas cerca de 10 horas de jogo, porém, após os primeiros dois estágios, foi bastante raro eu conquistar 100% em um nível. Vale dizer também que às vezes pode ser um pouco duvidoso quando algo é um caminho secreto ou apenas uma lacuna nas decorações do terreno com uma parede invisível irritante, mas isso foi apenas um inconveniente ocasional.

Tais decorações e algumas das mecânicas que as permeiam são distinguidas pelos “mundos” temáticos em que cada estágio é classificado, incluindo cenários como uma área praiana com foco na água, uma paisagem nevada com edifícios inspirados na arquitetura britânica e um parque de diversões super iluminado. Forgotten Land pode ser um jogo inesperadamente bonito, especialmente durante suas cenas cheias de personalidade, com um ótimo uso de cores por toda parte e locais bastante elaborados, como é o caso do circo ou do shopping decadente. Mas, enquanto cada mundo é agradavelmente variado, o cenário pós-apocalíptico como um todo não é necessariamente o mais emocionante. Kirby inevitavelmente acaba pulando em diferentes tipos de telhados enferrujados ou ruas de cidades em ruínas em todos os mundos, e esse terreno baldio não é tão legal quanto qualquer um dos lugares fantásticos que ele visitou em seu próprio universo.

Isso se estende um pouco às habilidades “Mouthful” que ele pode usar, que inclui a agora notória transformação do carro, amplamente divulgada nos conteúdos promocionais do jogo. Estes são objetos cotidianos que Kirby não consegue engolir, moldando seu corpo enquanto sua boca está enrolada em torno deles para permitir que você navegue em uma área específica. Me chame de antiquado, mas Kirby se transformando em uma máquina de venda automática seria mais estranho do que inteligente se não fosse pela maneira divertida como esses poderes são usados ​​e revisitados ao longo da campanha. O carro permite que você dirija rápido por algumas pistas emocionantes projetadas para velocidade; a máquina de venda diminui seu movimento, mas permite disparar latas rapidamente pela boca; e um objeto circular hilário basicamente transforma Kirby em um blaster de ar gigante que pode ser usado para girar aliados, derrubar inimigos e até mesmo impulsionar pequenos barcos pela água. Não tenho certeza de como o desenvolvedor HAL Laboratory fez isso, mas eles conseguiram transformar cones de trânsito, elevadores e até tubos de metal grandes e indescritíveis em transformações genuinamente divertidas.

Você também terá oportunidades adicionais para testar sua capacidade com todos os poderes de Kirby nos desafios especiais da Treasure Road. Esses níveis bônus oferecem uma habilidade específica em uma corrida contra o tempo, recompensando-o com uma estrela especial se você conseguir chegar ao final de uma pista de obstáculos com rapidez suficiente, e também um punhado de moedas se puder fazê-lo abaixo de um tempo determinado. As Treasure Roads acabaram sendo algumas das minhas partes favoritas de Forgotten Land, funcionando como desafios opcionais rápidos que muitas vezes faziam o uso mais inteligente do que cada transformação poderia entregar. Por exemplo, o fato da lâmina do cortador voltar para você como um boomerang pode apenas adicionar um pouco de dano extra durante as lutas em um nível regular, mas, em uma Treasure Road, dominar esse comportamento pode ser a diferença entre acertar o tempo alvo ou não. A recompensa em moeda por fazer isso é bastante insubstancial por si só, mas isso não me impediu de tentar frequentemente refinar meu movimento e baixar meu tempo recorde.

 

Essas estrelas que você recebe também alimentam outra adição interessante: diagramas escondidos em níveis (ou às vezes apenas entregues a você após grandes lutas) que desbloqueiam versões atualizadas de habilidades específicas que você pode comprar com estrelas e moedas, como colocar duas lâminas no cortador citado anteriormente. Isso ajuda a mantê-los atualizados o tempo todo, mesmo que raramente mude como você realmente pensa em usá-los em uma determinada situação. Graças ao meu estilo de jogo relativamente completo, sempre tive estrelas e moedas suficientes para desbloquear todos eles assim que encontrei os projetos até quase o final, o que significa que o processo de voltar à cidade para pagar uma atualização depois de encontrar cada diagrama foi em grande parte simbólico, O importante é que minha habilidade de fogo me faz parecer um dragão agora.

Forgotten Land também tem um modo cooperativo, mas a maneira como foi implementado é uma de suas poucas decepções. É bom que um segundo jogador possa entrar a qualquer momento, mas isso parece muito com um modo de “irmão mais novo”. O jogador dois só pode jogar como Bandana Waddle Dee, que empunha uma lança e, infelizmente, não pode usar nenhuma habilidade, o que os jogos anteriores de Kirby geralmente permitiam que seu parceiro fizesse. Para piorar a situação, a câmera permanece focada diretamente em Kirby sem levar em consideração o segundo jogador, frequentemente fazendo com que eles caiam da tela e se teletransportem de volta para você como o ioiô mais curto do mundo. Ainda é divertido percorrer níveis ou lutar contra chefes em co-op, mas está muito longe do melhor modo que um jogo de Kirby já viu.

Traduzido por Matheus Bianezzi*

Kirby and the Forgotten Land transporta com sucesso a já divertida mistura de combate baseado em habilidades, plataformas e caça da série para o 3D. O cenário pós-apocalíptico pode não ser tão tematicamente interessante quanto Planet Popstar, mas ainda é adorável e vibrante, com níveis inteligentemente projetados que fazem uso consistente das habilidades de Kirby. Apesar da mudança de perspectiva, Forgotten Land mantém a maior parte do que eu amo nos jogos clássicos – e se o futuro trouxer mais aventuras em 3D para nosso faminto herói rosa, eu ficaria mais do que feliz em engoli-las.

Fonte: Acesse Aqui o Link da Matéria Original