
Diário do Alto Vale | Água contaminada pode causar riscos à saúde

Reportagem: Rafaela Correa/DAV
Um levantamento feito pela Repórter Brasil que avaliou a água das torneiras de 763 cidades do Brasil entre 2018 e 2020 mostrou que substâncias químicas e radioativas foram encontradas acima do limite em uma a cada quatro municípios. Em Santa Catarina, na região do Alto Vale, moradores de pelo menos 17 cidades podem ter ingerido água com substâncias que podem aumentar os riscos de doenças como câncer, sobretudo em Witmarsum e Vitor Meireles.
A lista com o nome das cidades onde as amostras foram avaliadas é extensa, só no Alto Vale são 17: Aurora, Atalanta, Chapadão do Lageado, Braço do Trombudo, Trombudo Central, Rio do Campo, Presidente Getúlio, Presidente Nereu, José Boiteux, Taió, Mirim Doce, Laurentino, Lontras, Dona Emma, Santa Terezinha, Witmarsum e Vitor Meireles.
De todos os municípios foram encontradas em Witmarsum e Vitor Meireles, substâncias que maior potencial de gerar riscos para doenças crônicas e câncer, por exemplo.
Em Vitor Meireles, segundo Repórter Brasil, foram três substâncias divididas em dois grupos. As que têm maior evidência de risco à saúde são listadas como “reconhecidamente” ou “provavelmente” cancerígenas, disruptoras endócrinas (que desencadeiam problemas hormonais) ou causadoras de mutação genética. Já o segundo grupo reúne todas as outras que também oferecem risco, segundo a literatura internacional e o Ministério da Saúde. Entre elas estão as “possivelmente” cancerígenas”, além das que podem causar doenças renais, cardíacas, respiratórias e alteração no sistema nervoso central e periférico.
Na amostra coletada em Vitor Meireles foram encontrados: Crômo que é utilizado principalmente na fabricação de ligas metálicas e estruturas da construção civil. Os seus compostos possuem diversos usos industriais, como tratamento de couro, preservante de madeira e na fabricação de tintas e pigmentos e também a Acrilamida, utilizada na fabricação de outras substâncias, polímeros, para o tratamento da água e de efluentes. Também é usada em produtos médicos e agrícolas, em adesivos, estabilizante para tinta de impressão, espessante para pulverização agrícola, entre outros usos. A acrilamida também é encontrada na fumaça do cigarro.
O que diz a Casan?
A reportagem entrou em contato com a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), que é responsável pelo tratamento e distribuição de água na maioria das cidades no estado para obter um posicionamento sobre a qualidade da água distribuída aos catarinenses. Através de nota enviada pela Assessoria de Imprensa, a prestadora de serviço informou que é uma situação pontual e que a qualidade da água da Casan está dentro do padrão estabelecido pela legislação.
“A equipe técnica da Casan realiza um controle constante da água conforme os planos de monitoramento definidos pela Portaria de Potabilidade com aprovação das Vigilâncias Sanitárias municipais. SC está na 6ª posição em número de cidades por estado no Brasil e a terceira posição em monitoramento da qualidade no país, sendo a Casan a empresa com maior contribuição e preocupação nesse assunto no estado. […] As substâncias destacadas no levantamento possuem um aparecimento pontual e sazonal, acompanhando estiagens rigorosas e recorrentes, como as enfrentadas em Santa Catarina nos últimos cinco anos. A Companhia mantém-se em alerta e já está tomando providências para que o mesmo não ocorra novamente”.
Em nota, a Casan ainda acrescenta que quando são identificados resultados com valores acima do Valor Máximo Permitido (VMP), a Casan procura agir com medidas em curto prazo.
“É importante destacar que a Casan está em alerta constante em relação às substâncias ‘potencialmente cancerígenas’ que possam estar presentes na água seguindo com o monitoramento da água distribuída, água tratada e dos mananciais de abastecimento e em conjunto desenvolvendo novas ações e políticas para garantir a entrega de água segura aos cidadãos de Santa Catarina”.
Como foi feito o Mapa da Água
Os dados que integram o mapa são resultados de testes feitos pelas empresas e instituições responsáveis pelo abastecimento. Eles fazem parte da base de controle do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, o Sisagua, do Ministério da Saúde. Os dados foram interpretados de acordo com os parâmetros do Ministério da Saúde e podem ser conferidos no site reporterbrasil.org.br.