
Adolescentes com pais fumantes têm mais tendência a experimentar cigarros eletrônicos, diz estudo – Notícias

Um estudo publicado recentemente descobriu que os adolescentes que vivem com pais fumantes são 55% mais propensos a experimentar cigarros eletrônicos, e que o produto tem se disseminado rapidamente entre meninas. A pesquisa foi divulgada no Congresso Internacional da Sociedade Respiratória Europeia da Espanha.
Os pesquisadores da TobaccoFree Research Institute Ireland (TFRI na sigla em inglês) analisaram as informações de 6.216 jovens irlandeses de 17 a 19 anos. Os dados contemplavam, por exemplo, se os pais fumavam durante o crescimento do indivíduo e se o adolescente utilizava cigarros eletrônicos.
“Descobrimos o uso crescente de cigarros eletrônicos em adolescentes irlandeses e esse é um padrão que está surgindo em outras partes do mundo. Há uma percepção de que o vaping é uma alternativa melhor para fumar, mas nossa pesquisa mostra que isso não se aplica a adolescentes que geralmente não experimentaram cigarros antes dos cigarros eletrônicos”, alerta o diretor geral da TFRI, Luke Clancy, em comunicado.
Segundo ele, “isso indica que, para os adolescentes, o vaping é um caminho para o vício em nicotina, e não para sair dele.” A comparação se dá, já que muitos fumantes aderiram ao cigarro eletrônico como alternativa para diminuir a quantidade de nicotina no corpo.
Além da maior propensão aos DEFs (dispositivos eletrônicos para fumar), os adolescentes têm mais chance (51%) de experimentar o ato de fumar quando crescem com pais fumantes.
A partir de uma análise mais abrangente, com dados de mais de 10.000 irlandeses de 16 a 17 anos, os pesquisadores notaram que o número de adolescentes que tentam ou fazem uso regular de cigarros eletrônicos aumentou de 23%, em 2014, para 39% em 2019.
A maioria (66%) experimentou o produto por curiosidade ou porque os amigos estavam utilizando (29%). O número de pessoas nesta faixa etária que nunca usou tabaco quando provou o DEF pela primeira vez saltou de 32%, em 2015, para 68% em 2019.
Além disso, quando os cientistas examinaram de forma detalhada as informações de 3.421 jovens de 16 anos, para descobrir se havia diferença no consumo de cigarros eletrônicos entre meninos e meninas, notaram que os meninos são mais propensos a experimentar o dispositivo, mas que houve um aumento do consumo entre meninas.
A taxa do público feminino desta idade que experimentou cigarro eletrônico, em 2015, era de 23%, e a que usava o cigarro eletrônico naquele período era de 10%. Em 2019, aumentou para 39% o número de meninas que testaram o produto, e para 18% aquelas que fazem uso.
“Podemos ver que o número de adolescentes que usam cigarros eletrônicos está mudando rapidamente, por isso precisamos continuar monitorando a situação na Irlanda e em todo o mundo. Também planejamos estudar as mídias sociais para entender como isso influencia o comportamento vaping de meninas e meninos”, diz o pesquisador-chefe, Dr. Joan Hanafin.
O estudo também notou que ter amigos que fumam e ter pouco monitoramento dos pais foram outros fatores importantes que estimularam o uso de cigarros eletrônicos em adolescentes, principalmente em meninos.
“Podemos ver que os pais e amigos têm influência nas decisões dos adolescentes de experimentar cigarros eletrônicos e isso é importante porque esses são fatores que podemos tentar mudar. No entanto, os governos precisam fazer sua parte fazendo leis para proteger crianças e jovens. Já fazemos isso com o fumo e precisamos fazer o mesmo com o vaping”, informa a pesquisadora Salome Sunday.
A síntese feita pelos cientistas destaca os riscos trazidos pela dependência da nicotina e exige, por exemplo, uma fiscalização e regulamentação mais eficaz dos cigarros eletrônicos para proteger crianças e adolescentes.
“Este trabalho indica que cada vez mais adolescentes estão experimentando cigarros eletrônicos e não para ajudá-los a parar de fumar. Isso é importante porque sabemos que os cigarros eletrônicos não são inofensivos”, diz o professor e presidente do Comitê de Controle de Tabaco da Sociedade Respiratória Europeia, Jonathan Grigg.
E acrescenta: “os efeitos da dependência da nicotina estão bem estabelecidos e estamos descobrindo que os cigarros eletrônicos podem prejudicar os pulmões, vasos sanguíneos e cérebro. Precisamos fazer mais para proteger crianças e adolescentes desses danos.”
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